Handout: Outras Mentes

 

HANDOUT: OUTRAS MENTES

 

The Problem of Other Minds - YouTube

 

Seja E a minha experiência interna correspondendo a um estímulo físico F; seja E* a experiência de outra pessoa correspondendo ao mesmo estímulo físico (e.g., ao olhar uma árvore eu tenho a sensação E e ao olhar a mesma árvore outra pessoa tem a sensação E*)

 

IDENTIDADE NUMÉRICA:  E e E* são uma e a mesma ≠

IDENTIDADE QUALITATIVA: E e E* são duas, mas indistinguíveis≠

SEMELHANÇA QUALITATIVA: E e E* não são indistinguíveis, mas suficientemente parecidas

 

Ponto de partida:

F se dá no mundo físico (externo à mente)

E e E* se dão no mundo mental (interno à mente)

 

Argumento I (razoável):

P1: E e E* apenas podem ser numericamente idênticas se estiverem na mesma mente

P2: E e E* ocorrem em mentes diferentes

C: E e E* não são numericamente idênticas

 

Pergunta: E e E* podem ser qualitativamente idênticas?

 

 

Argumento II (levemente cético):

P1: Eu só posso saber se E e E* são qualitativamente idênticas se eu puder comparar E e E*

P2: Eu só posso comparar E e E* se tiver acesso à mente de outra pessoa

P3: Eu não tenho acesso à mente de outra pessoa

C’: Eu não posso saber se E e E* são qualitativamente idênticas

 

Argumento II (moderadamente cético):

P1: Se E e E* não são qualitativamente idênticas, há pelo menos diferenças mínimas entre E e E*

P2: Se há pelo menos diferenças mínimas entre E e E*, pode haver diferenças grandes (radicais?) entre E e E*

C: Se E e E* não são qualitativamente idênticas, pode haver diferenças grandes (radicais?) entre E e E*

 

Argumento III (fortemente cético):

P1: Se pode haver diferenças qualitativas radicais entre E e E*, o que me parece como sensação visual pode ser, e.g., uma sensação tátil (ou sonora ou olfativa, etc.) para outra pessoa

P2: Pode haver diferenças qualitativas radicais entre E e E*

C: O que me aparece como sensação visual pode ser uma sensação tátil (ou sonora ou olfativa, etc.) para outra pessoa

(Ex.: Bioy Casares, “Plano de Evasão”)

 

Argumento IV (fortemente cético):

P1: Se pode haver diferenças qualitativas radicais entre E e E*, o que me parece em E como sensação visual pode ter uma natureza por mim desconhecida em E*

P2: Pode haver diferenças qualitativas radicais entre E e E*

C: O que me parece em E como sensação visual pode ter uma natureza por mim desconhecida em E*

 

 

 

 

 

Argumento V (fortemente cético):

 

P1: Se pode haver diferenças qualitativas radicais entre E e E*, o que parece a outra pessoa E* como sensação de um tipo pode ter uma natureza completamente diferente em E para mim

P2: Pode haver diferenças qualitativas radicais entre E e E*

C: O que parece a outra pessoa E* como sensação de um tipo pode ter uma natureza completamente diferente para mim

 

 

Argumento VI (fortemente cético)

P1: Se o que parece a outra pessoa E* como sensação de um tipo pode ter uma natureza completamente diferente em E para mim, então pode acontecer de E* existir mas E não existir    

P2: O que parece a outra pessoa E* como sensação de um tipo pode ter uma natureza completamente diferente em E para mim

C: Pode acontecer de E* existir mas E não existir    

(razoável se pensarmos, e.g., nas experiências sensíveis de morcegos, cães, telepatas)

(Nagel, “What is it like to be a bat?” (1974))

 

 

Argumento VII (fortemente cético)

P1: Se o que me parece em E como sensação de um tipo pode ter uma natureza completamente diferente em E* para outra pessoa, então pode acontecer de E existir mas E* não existir    

P2: O que me parece em E como sensação de um tipo pode ter uma natureza completamente diferente em E*

C: Pode acontecer de E existir mas E* não existir   

(razoável se pensarmos, e.g., em cegos, surdos, daltônicos, etc. de nascença, ou em minhocas, amebas, etc.)

 

Argumento VIII (radicalmente cético)

P1: Se pode acontecer de uma E* não existir para outra pessoa, pode acontecer de nenhuma E* existir para outra pessoa

P2: Pode acontecer de uma E* não existir para outra pessoa

C: Pode acontecer de nenhuma E* existir para outra pessoa

(i.e., não tem vida mental; seria um autômato ou zombie)

((Ex.: Bioy Casares, “A Invenção de Morel”))

 

Argumento IX (cético no sentido contrário)

P1: Se houver vida mental em coisas como plantas e pedras, eu não posso ter acesso à mesma.

P2-Se eu não posso ter acesso a uma mente fora da minha, eu não posso saber que ela existe.

P3-Eu não posso ter acesso a nenhuma mente fora da minha

C: Se houver vida mental em coisas como plantas e pedras, eu não posso saber que ela existe.

C*: Existe a possibilidade de haver vida mental em pedras, plantas, etc., sem que eu saiba

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Boas vindas!

Primeira Avaliação: 23/08

Handout: Certo e Errado